Julia Rodrigues Nuñe
Julia Rodrigues Nuñe ou Muñe, também conhecida no meio artístico como Lilian Brown, nasceu em Avellaneda, Argentina, no dia 18 de agosto de 1911.
O primeiro registro de chegada de Lilian Brown ao Brasil é feito no alto da página inicial de seu prontuário. Ali, ficamos sabendo que Lilian chegou ao país via Rio Grande do Sul no dia 16 de julho de 1937, entrando pela região de fronteira com a cidade de Paso de Los Libres, na Argentina. Passou cinco meses em Uruguaiana e seguiu para Porto Alegre, onde residiu por três meses, trabalhando no Casino Caçadores como bailarina, e daí passando para São Paulo, onde morou até 1938. De São Paulo, seguiu para o Rio de Janeiro e logo para Minas Gerais, com contrato no Casino Montanez, residindo em Belo Horizonte por sete a oito meses, atuando também no Casino Mme.Olímpia. Daí foi para o Rio de Janeiro, e seguiu para a Bahia, onde trabalhou no Palace Hotel e no Casino Tabariz, no final do ano de 1939.
Lilian Brown foi detida pela polícia pernambucana em 30 de março de 1943 pelo fato de ter desembarcado do trem da Great Western, procedente da Bahia, sem portar o indispensável Salvo-Conduto. A DOPS/PE abre então o prontuário individual 8547 e passa a fazer um extenso relato sobre a vida de Lilian, registrada como artista, cantora e bailarina.
Em documento intitulado Parte, direcionado ao Senhor Encarregado da Ordem Política e elaborado pelo Inspetor nº 189 no dia 04 de agosto de 1943, é possível saber que Lilian Brown teria vindo para o Recife em 1939, contratada com o ‘ballet’ Carlos Lisbôa para o Casino Imperial, depois no mesmo ano, voltou para a Baía, onde viveu durante quatro anos em companhia do snr. Oscar Maran.
Em Salvador, Lilian permaneceu até os primeiros meses de 1943. Voltou então para o Recife, em companhia de Lúcia Montalvo, para trabalhar no Casino Império, residindo numa pensão familiar localizada à Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista.
Poucos meses depois de sua chegada, o Consulado Americano, em ofício dirigido a DOPS/PE em 24 de julho daquele mesmo ano assinado por W. M. Wheeler Jr., solicita os dados da artista, bem como outra informação nos arquivos policiais (especialmente se houve participação em qualquer movimento político, como nazismo, fascismo, comunismo, integralismo, etc.: e se há qualquer razão porque não deve trabalhar em instalações militares). Nesse mesmo documento, a delegacia responde que a suspeição sobre Lilian se dá pelo fato de que ela parece ter muito mais dinheiro do que ela pode ganhar no cassino e está muito com oficiais e homens dos serviços americanos.
Ao longo do ano, o prontuário aberto sobre a artista vai sendo composto por relatórios de campana e informações obtidas pela DOPS/PE junto a delegacias similares nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Alagoas. No entanto, nenhuma informação desabonadora sobre Lilian é apurada. Soube-se, ao mesmo tempo, que em Salvador, Lilian conheceu o major americano Buitrago, em companhia do qual teria passado a viver se o mesmo não tivesse seguido para a América, onde foi submeter-se a uma operação – essas informações foram todas repassadas ao consulado norte-americano.
Entre 1944 e 1945, registram-se inúmeras viagens de Lilian Brown pelo nordeste do país. No dia 31 de março de 1944, ainda na Bahia, a bailarina escreveu ao delegado da DOPS/PE solicitando autorização para permanecer na cidade para realizar uma temporada artística no Recife no mês seguinte, […] comprometendo-se a manter uma conduta moral e social que corresponda a exigida pela delegacia. O pedido foi atendido pelo delegado.
Lilian teve como companheiros o fazendeiro de Itabuna e comerciante de cacau Oscar Maron [ou Maran], na Bahia, e o usineiro Manoel Colaço, em Pernambuco.
Há um período sem registros de Lilian Brown. Sabe-se, por meio de notificações consulares, que ela retornou ao Brasil no dia 16 de junho de 1953, sem que haja menção da cidade de desembarque. Em sua ficha consular de então, visada em Montevidéu, está registrada como profissão a expressão afazeres domésticos. Dessa nova estadia no país, não foram localizadas informações que nos permitam detalhar sua permanência no Brasil.
Prontuário Individual 8547 Capa Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Registro Geral - Doc 01 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 02 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 03 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 04 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 05 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 06 - Frente Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 06 - Verso Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 07 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 08 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 09 - Frente Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 09 - Verso Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 10 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 11 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 12 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 13 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 14 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 15 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 16 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Individual 8547 Doc 17 Fundo DOPS/PE - Apeje
Prontuário Funcional Fichas Fundo DOPS/PE - Apeje
Ficha Consular - Frente Junho de 1953 Arquivo Nacional
Ficha Consular - Verso Junho de 1953 Arquivo Nacional
Ficha Consular 02 - Frente Junho de 1953 Arquivo Nacional
Ficha Consular 02 - Verso Junho de 1953 Arquivo Nacional
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