Elvira Albertina Bertolucci

Elvira Albertina Bertolucci, conhecida como Lúcia Montalvo, nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de agosto de 1906.

Há grande probabilidade de que Elvira tenha sido uma das pessoas registradas pela DOPS/PE cujas fichas foram perdidas. No prontuário individual 8546, aberto pela Delegacia, constava como seu local de trabalho o Casino Império e como profissão artista e cantora. Seu pai era italiano naturalizado argentino e a mãe italiana de origem austríaca. Fez sua primeira visita ao Brasil em 1929, permanecendo aqui por 15 dias, depois do que, retornou à Argentina. Esteve no Brasil novamente em várias datas nas décadas de 1930 e 1940.

Em ficha da Delegacia Especializada de Estrangeiros (DEE) datada de 1943, informava-se sua entrada, por avião, em São Paulo, depois seguindo para o Rio de Janeiro, pedindo depois licença para voltar à sua terra natal pelo Trem Internacional INT1. Há registros dessas fichas em 1940, 1944 e 1963, nesta última data com destino a Porto Alegre.

Em 1943, Elvira foi detida pela DOPS/PE quando, vindo da Bahia, entrou em Pernambuco sem salvo-conduto. Declarou à polícia pernambucana que trabalhara em companhias de teatro e rádios, mas que não trabalhava mais no palco, vivendo no Hotel Central por suas economias. Os investigadores desconfiavam que a artista vivia com um oficial americano, o que foi negado por Elvira. Participou na V Festa da Mocidade em dezembro de 1941. Pediu salvo conduto para ir à Bahia em 1943, onde trabalhou no Casino Tabariz. A polícia do Rio informava que Elvira era de nacionalidade italiana.

Em 1936, a revista carioca “Vida Doméstica” anunciava a contratação da grande artista melódica argentina, Lúcia Montalvo pela Rádio Cruzeiro do Sul, a PRD-2, por meio de Martinez Gráu. A propósito da artista, afirma a revista: Lúcia Montalvo enthusiasmou os radio-ouvintes do país […]. Não é uma cantora comum, dessas que surgem por vezes, exhibindo farta cópia de referencias amaveis, obtidas da critica benigna: é uma artista de alma e intelligencia […] Mulher elegante, culta, dotada de grande sensibilidade.

Elvira ou Lúcia atuava no vaudeville, na opereta, na revista, na alta comédia ou como cantora de recitais e microfone. Estreou no teatro da Ópera de Buenos Aires, em uma companhia de vaudevilles, dirigida por Júlio Escobar, jornalista e homem de teatro portenho, trabalhando, em seguida, em revistas e operetas, incluindo vários trabalhos do maestro Guerreiro, vindo ao Brasil com a Companhia Italiana. Na alta comédia, atuou com a condessa Eva Pacci. No rádio, cantava canções argentinas, espanholas, mexicanas, francesas e italianas, tanto no gênero típico quanto no lírico.

 

 

 

Compartilhe: