Cossacos de Cuban

COSSACOS_santa_isabel

Jornal Pequeno. BNDigital

 

Os Cossacos de Cuban eram uma trupe de artistas – alguns deles ex-militares – originários da Europa Oriental e que durante as décadas de 1930 e 1940, fizeram turnês pela América do Sul, especialmente no Brasil, onde muitos deles se radicaram e seguiram trajetórias diversas. Viajando em dois caminhões, conseguiram dar conta de boa extensão do País, apresentando seus números de equitação e música. Segundo depoimento do cossaco Leônidas Ordingew ao “Jornal Pequeno”, o grupo tinha como principal finalidade aproximar as culturas dos países que visitavam. Essa aproximação, no entanto, tinha um conteúdo profundamente ideológico: nas apresentações, os Cossacos (de Cuban e do Don) apresentavam danças associadas à resistência, tanto à Revolução Comunista na Rússia quanto à atuação dos exércitos nazistas.

Uma matéria do “Diario da Manhã” (18.01.1941) afirmava que os Cossacos já circulavam por 20 anos, percorrendo os Balcãs, Áustria, Itália e quase toda América do Sul. Afirma também que onde chegam […] promovem conferências contra o comunismo […] e outros assuntos referente à atual Rússia. Sempre cantavam em igrejas, de acordo com o ritual Bizantino, tal como nos antigos conventos russos.

Em Pernambuco, o grupo foi prontuariado em 1943, com fichas de sete membros do conjunto e uma carta datilografada de seu diretor e general, Ivan Pavlechenko, pedindo renovação de licença de livre trânsito no estado (escrita do município de São Caetano). Constam ainda do prontuário, as fichas do próprio Ivan, de Eufenyuz Brucki (Bruscky), Pedro Gabueff e dos cantores Miguel Nemolovsky, Miguel Klutchko, Jorge Medvedeff e Timoteo Scripnic.

Na carta destinada ao Secretário de Segurança Pública do Estado de Pernambuco, Pavlechenko afirma ainda que o grupo estava reduzido a cinco membros, todos cossacos russos, combatentes da grande guerra e expatriados daquela nação, após o movimento revolucionário de 1918, por motivos de ordem política. Esse conjunto se acha no Brasil desde 1933, percorrendo todos os Estados, do Rio Grande do Sul ao Pará, e se exibindo em diversas localidades, inclusive nas capitais dos Estados, com os seus trabalhos de equitação, no molde dos exercícios da “Cavalaria dos Cossacos Russos”, além do conjunto vocal, que tão calorosos aplausos arrancou de grandes assistências em todos os recantos do território brasileiro. Segundo Pavlechenko, os Cossacos foram patrocinados em diversas ocasiões por autoridades públicas, como em apresentações na Vila Militar do Rio de Janeiro. Tinham, inclusive, cartas de recomendação do General Eurico Gaspar Dutra.

No Recife, realizaram no Clube Português apresentações exclusivas para autoridades como o General Mascarenhas de Moraes e o prefeito Novaes Filho. No clube, o público foi ver números orpheônicos dos folklores russo e brasileiros e contou com distribuição gratuita de vodca. Os cossacos também se exibiriam no Teatro de Santa Isabel apresentando músicas típicas de guerreiros do cáucaso e estepes russas. Em Pernambuco, aconteceram ainda apresentações em Olinda (no mosteiro de São Bento), Jaboatão, Caruaru, Triunfo, Timbaúba e Nazaré da Mata (no Cine Lux).

 

 

 

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