Alberto Cavalcanti

Alberto Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro no dia 06 de fevereiro de 1897.

Cavalcanti foi um conceituado cineasta brasileiro que atuou em diversas etapas da produção cinematográfica, seja como roteirista, cenógrafo, produtor e diretor. Viveu e trabalhou na França e na Inglaterra entre as décadas de 1920 e fins de 1940. De volta ao Brasil, ajudou a fundar a Companhia Cinematográfica Vera Cruz em São Bernardo do Campo, no Grande ABC paulista, na qual produziu e roteirizou “Caiçara” (1950) e “Terra é sempre terra” (1951). Um ano depois, produziu e dirigiu “Simão, o caolho” (1952), de grande divulgação nacional, com Mesquitinha como protagonista.

No “Jornal Pequeno”, o colunista Altamiro Cunha afirmava que o renome de Cavalcanti na Europa o equiparava a figuras como Sergei Eisenstein e Abel Gance. No velho continente, filmou um premiado documentário sobre Paris e outro sobre o escritor Charles Dickens. Gozando de prestígio nos periódicos locais desde a década de 1930, o “Diario da Manhã” publicou artigo no qual Cavalcanti discorreu sobre o cinema britânico. Era elogiado pela direção do filme “Caiçara”, primeira produção de Cavalcanti no país, financiado pelo industrial Francisco Matarazzo Sobrinho. Diz o jornal que ‘Caiçara’ será, daqui por diante, um termo de comparação, um ponto de referência para o que no futuro vier, pois é inútil desconhecer a sua significação como progresso técnico e como prestígio de uma arte que começa a nascer no Brasil.

Na época do lançamento de “Simão, o caolho”, o cineasta esteve no Recife para iniciar a produção do longa-metragem “O canto do mar”, iniciativa da sua recém-fundada companhia Kino-Films do Brasil S/A. Na ocasião, havia uma grande expectativa da imprensa, que afirmava ser esta produção um dos grandes acontecimentos do cinema pernambucano no ano de 1952, ao lado da inauguração do luxuoso Cinema São Luiz. É justamente no período de lançamento do filme “O canto do mar” (1954) que a DOPS/PE produz um prontuário para Cavalcanti.

Aparentemente a abertura do prontuário individual 12568, ocorrida em outubro de 1954, foi motivada pelo preconceito anticomunista, já que naquele ano, Cavalcanti publicou no jornal “Folha do Povo”, no dia 20 de outubro, um artigo intitulado “Contarei a verdade sobre a URSS”, onde elogia o povo, os costumes e o regime socialista, quando no Brasil “pessoas néscias e enganadas” espalhavam boatos falsos sobre a pobreza e a falta de liberdade da União Soviética. Afirmava que sua curiosidade “não se limitou à cinematografia, ao teatro e à televisão. Procurei penetrar nos ramos mais amplos, estudei as condições sociais da vida na URSS”. Cavalcanti transitou por Estocolmo, Moscou, Leningrado e Kiev. No artigo, elogia as riquezas do Museu Hermitage, “enchem de alegria o coração de todo aficcionado à arte, e a solidez da organização da cinematografia da União Soviética”. Nessa área, observa o cineasta, “as relações simples e atentas da direção com todo o pessoal. Como se distinguem os diretores e os canaristas soviéticos da maioria de seus colegas europeus e, em especial, dos norte americanos! Entre os cinegrafistas soviéticos, não vi essas pessoas enfatuadas, buscadoras de ruído de brilho”.

Em outro artigo anexo ao prontuário, intitulado “Cavalcanti fala sôbre a URSS”, informa-se que Cavalcanti também visitara a Tchecoslováquia no VIII Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary, onde ganhou o Prêmio de Direção. Outro fato citado no prontuário é sua eleição como membro da Diretoria da Comissão Brasileira do V Festival Mundial da Juventude, em Varsóvia, em 1955.

Cavalcanti também foi prontuariado pela Delegacia de Ordem Social e Política de São Paulo (APESP – Prontuário 123200). Na pasta aberta a seu respeito, está transcrita a notícia do jornal “Notícias de Hoje” de 12 de maio de 1955 sobre a Assembleia Nacional das Forças Pacíficas, com “Campanha contra a guerra atômica”, realizada no mesmo dia da publicação, na qual consta o nome cineasta Alberto Cavalcanti sem haver, no entanto, qualquer qualificação, podendo tratar-se de homônimo, segundo o policial responsável pelo prontuário. Vale salientar, Cavalcanti era um dos delegados eleitos para a Assembleia Mundial das Forças Pacificas, em Helsinque.

Alberto Cavalcanti faleceu no dia 23 de agosto de 1982 em Paris.

 

Para ver a obra de Alberto Cavalcanti

O filme “O canto do mar” está disponível de forma integral no endereço:

https://www.youtube.com/watch?v=GuTwEoq7tks

 

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