Alda Bogoslowa

Alda Bogoslowa (ou Ada Bogoslowa) nasceu na Rússia entre 1891 e 1892.

Bailarina, Alda Bogoslowa esteve no Recife, ao menos, por três vezes entre 1929 e 1934. Neste último ano, sua passagem pela cidade foi registrada pela DOPS/PE, que abriu o prontuário individual 3641 em razão de um pedido urgente de informação sobre seus antecedentes emitido pelo Chefe de Polícia de Belém do Pará, Maurício Pinto, ao Chefe de Polícia do Recife, com data de 12 de abril daquele ano. Na solicitação, a autoridade descrevia dona Bogoslowa como viúva de 36 anos que se diz princesa bailarina.

Em resposta à solicitação do chefe de polícia paraense, um investigador do Recife informou, ainda em 1934, que Bogoslowa procedia de São Paulo e havia sido contratada duas vezes, em 1933, pelo cassino Taco de Ouro para trabalhar como bailarina. Depois, teria embarcado para Natal: Se diz princesa russa, tendo se hospedado no Hotel Palace, onde ainda existem bagagens que lhe pertencem. Segundo a polícia, Alda era amante de um paraense, funcionário do Cabo Submarino, que fora transferido para o Recife. Em Natal, Bogoslowa sofrera um atentado à vida, em circunstâncias desconhecidas. Na resposta, o investigador corrige a idade da bailarina que, segundo ele, não teria 36 anos, mas sim, 42.

Em outro ofício, o investigador afirmava ser Alda atriz, contratada no ano anterior pelo cassino Taco de Ouro como bailarina, hospedando-se primeiro no Hotel Central e posteriormente no Palace Hotel, onde ficou por quatro dias. No dia 15 de novembro de 1933, Alda saiu acompanhada de um russo que vendia casas a prestações por conta da Sul América, com destino a Maceió e Natal, onde estiveram trabalhando os dois, deixando uma dívida no hotel e alguns pertences. Quando o russo voltou ao hotel, em janeiro, perguntaram-lhe sobre a bailarina. Inicialmente, ele negou conhecê-la; depois, afirmou desconhecer seu paradeiro, pois teriam se separado em Maceió, após Alda ter tentado suicídio, sem explicar as razões. O russo estava hospedado na Pensão Landy. Ainda sobre Alda, o relatório afirma: Consta estar atualmente a referida artista no Pará.

A primeira notícia sobre Boloslowa publicada por um periódico local data de 1929, quando o “Diario de Pernambuco” divulgou: princeza […] que outr’ora brilhou na antiga corte da Rússia e que, após a queda do Czar Nicolau Romanoff, abandonou, como tantas outras o seu paíz, iniciando então uma brilhante tournée. Segundo o jornal, Ada (grafia adotada pelos jornais locais) teria passado pela Áustria, Alemanha e Holanda com grande reconhecimento, igualmente em Paris, no Follies Bergere [sic], e no Recife, no Cine Teatro Moderno. Sua apresentação foi bem avaliada pela crítica e público, tanto pelas habilidades de dança quanto pelo luxuoso guarda roupa que ostentava. Em propaganda veiculada no “Jornal Pequeno”, naquele ano, Bogoslowa é apresentada como tendo pertencido ao elenco do Theatro Imperial Russo.

Em 1932, o “Diario de Pernambuco” noticia nova passagem pelo Recife, contextualizando o seu perfil entre o dos russos expatriados:

É sabido que a nova ordem política da Rússia, destronando a casa imperial, obrigou príncipes e fidalgos a empregarem fóra da pátria, suas habilidades para a garantia do pão. Príncipes, duques, condes, barões, foram procurar meio de vida no comércio, na indústria, nas artes liberais. Várias princêsas e arquiduquezas se integraram na coreografia. Outrora brilhavam na côrte exibindo-se na recepção da aristocracia, em festivais de caridade. Encaminharam-se, com a quéda da monarquia, para o teatro e muitas viéram á América do Sul, que só assim poderia aprecia-las.

O “Diario de Pernambuco” afirmava ainda que Bogoslowa era princesa, viúva de um militar morto na guerra. Teria sido primeira bailarina da Ópera Imperial de Petrogrado: dizem os jornais dos centros adiantados onde se tem exibido que sua arte é o sumo refinamento do clássico. Em outra matéria, intitulada A princesa Ada Bogoslowa, os jornalistas já duvidavam da identidade da russa expatriada, ironizando que a parenta de Nicolau II foi muito aplaudida em João Pessoa e que com o intuito de se informar sobre a “real” pessoa, o chefe de polícia do Pará pedia informações a seu colega de João Pessoa.

 

Compartilhe: