Geraldine Virgínia Pike

Geraldine Virgínia Pike nasceu em Rhode Island, nos Estados Unidos, no dia 30 de setembro de 1914.

Bailarina acrobata, Geraldine era conhecida também como a mulher sem ossos, por suas habilidades de contorcionista. Seu registro consular tem como data de chegada ao Brasil o dia 25 de janeiro de 1942, ocasião em que trabalhou no Casino Ahú, em Curitiba. No prontuário individual 7946, produzido pela DOPS/PE a respeito da artista, encontra-se a informação de que. procedendo de Nova York, teria vindo anteriormente, por volta de 1937, para o Rio de Janeiro, passando três meses até seguir para Buenos Aires, onde permaneceu nos outros cinco anos entre as duas datas. Aos policiais da DOPS/PE, Geraldine afirmou que atuava como dançarina acrobata desde os 13 anos. Os policiais a classificavam como artista de ‘cabaret’.

Na edição de 30 de julho de 1943 do periódico “A Manhã”, do Rio de Janeiro, Geraldine era descrita como uma nota de sensação das noites cariocas, devido a excelentes qualidades de dançarina acrobática, sendo sua arte, pela originalidade e dificuldade que apresenta, uma das mais difíceis do gênero, ao mesmo tempo que mais atraente e sensacional. A filosofia de Geraldine Pike é a do ‘viver perigosamente’, tais os movimentos complicados e emocionantes que sabe fazer com absoluta técnica e precisão […] suas exibições possuem arte, não se resumindo simplesmente em um número elementar de acrobacia de circo.

No período em que viveu no Recife, Geraldine teve intensa vida noturna na cidade, acompanhada pelos investigadores da polícia local, que também davam conta de suas viagens para outras cidades a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Na capital pernambucana, frequentava os bares do Grande Hotel, o Gambrinus e o Casino Império, onde trabalhava sua amiga quase inseparável, a bailarina Dulcy Pereira, que atendia pelo nome artístico de Marlene.

Os policiais mantinham-se atentos aos contatos que Geraldine mantinha com homens, chegando ao ponto de apreender sua correspondência íntima, a exemplo de um telegrama comum, de cunho amoroso, recebido de São Paulo. Os relatos policiais também costumavam insinuar que a bailarina mantinha trabalhos paralelos às suas atividades artísticas. Devido à sua nacionalidade e a seus contatos locais, Geraldine Pike tornava-se suspeita por manter relações, em tempos de guerra, com pessoas de diversas nações, incluindo o Observador Naval Americano, identificado como Sr. Baribood.

Dois relatórios apontam pistas para os motivos que levaram a polícia a vigiar Geraldine. No primeiro deles, produzido no dia 08 de junho de 1942, há a seguinte recomendação: …Conviría um serviço de observação em tôrno de GERALDINE, uma vêz que, sendo americana, poderá se infiltrar nos meios “yankees” do Estado, para algum serviço suspeito… (grifos no original).

O segundo documento é uma nota curta, emitida pouco mais de um mês depois, na qual se menciona que GERALDINE, que aqui trabalhou na “Festa do Rubí”, aparece agóra envolvida em outro caso, que torna ainda maior a sua suspeição (grifo no original). Passa-se então a relatar o encontro entre a bailaria e o alemão Otto Effer, gerente da Sociedade de Motores Deutz Otto Legítimo Ltda, situada à Rua do Imperador, no qual este teria entregado a Geraldine certa soma em dinheiro. A nota destaca não ter sido esse o único encontro entre Geraldine e Otto e, ao final, oferece um perfil minucioso do alemão.

Sobre a vida artística de Geraldine Pike, sabe-se que ela se apresentou nos cassinos Atlântico e Urca, no Rio de Janeiro, e na boate do Hotel Brasil de São Lourenço, em Minas Gerais. Passou também pela Bahia, Maceió e Natal. No Recife, Geraldine residiu no Hotel do Parque e trabalhou na Festa do Rubi e no Teatro de Variedades da Festa da Mocidade. No dia 1º de julho de 1942, o “Jornal Pequeno” destaca a estreia de Geraldine, na noite anterior, na Festa do Rubi, cujo contrato teria sido feito por vultosa quantia. Dois anos depois, Geraldine volta às páginas da imprensa local por compor, com outros artistas do Casino da Urca e do Hotel Quitandinha, o elenco de show musical para as forças armadas brasileiras no U.S.O. Club no Recife, segundo notícia veiculada pelo “Diario de Pernambuco”.

 

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