Bar Gambrinus

MCR_CHANTECLER

Foto do Museu da Cidade do Recife

 

O histórico Bar Gambrinus localizava-se na rua Marquês de Olinda, 222, no Bairro do Recife, sendo espécie de palco dos anos mais movimentados da região até seus dias de decadência. Segundo Sidney Motta, autor da matéria “Vuco-vuco no Gambrinus” (revista “Beijo na Rua”, 2002), era o bar mais antigo daquele bairro até o ano 2000, quando precisou ser fechado devido às obras de restauração do Conjunto Chantecler, uma vez que o espaço funcionava no andar térreo da edificação. Desde então, o prédio que abrigou o Gambrinus continua fechado, mesmo após a conclusão da reforma de sua fachada e telhado, em 2012.

De acordo com Motta, o bar foi inaugurado em agosto de 1930 por Hernet Fritz. Todavia, a pesquisa aos periódicos pernambucanos revelou que o Gambrinus já funcionava antes: nesse mesmo ano, foram encontradas notícias de publicidade do bar no “Diario da Manhã” (edição de 13.06.1930). Em outra ocasião, foi anunciada uma vaga de trabalho no local. Chama atenção o fato desse anúncio ter sido publicado integralmente na língua alemã (também no “Diario da Manhã”, 15.04.1930). Ainda em 1930, foi anunciada a venda do Gambrinus: Fritz retornaria para São Paulo. O anunciante informa várias vantagens do negócio, entre elas o fato do Gambrinus ser a casa que mais chopp vende em Pernambuco. As negociações eram, aparentemente, tão claras que chegavam até a publicidade da venda: o anunciante ainda garante ao comprador um lucro de mais de 2 contos de réis mensais (edição de 11.07.1930)

Na década seguinte, publicou-se no mesmo jornal o comunicado de que no estabelecimento seriam inauguradas várias melhorias, que, presume-se, foram realizadas na estrutura do bar. Os afagos no poder institucional de então também faziam parte da nova cara do local: no comunicado, sabemos sobre a colocação de um retrato do presidente Getúlio Vargas (edição de 17/08/1940). O Bar Gambrinus (que aparece na categoria “restaurantes noturnos” divulgada pela imprensa de então) foi um dos estabelecimentos registrados pela DOPS/PE, que produziu um prontuário de investigação sobre o local. Nele, foi localizado um único documento com data do dia 26 de agosto de 1942, remetido pelo encarregado do serviço ao delegado responsável. O relato chama atenção para o fato de o estabelecimento utilizar dois tipos de cardápio, um redigido em língua portuguesa e o outro em inglês – com o cardápio em inglês informando preços mais altos em todos os seus itens. Além disso, o documento menciona o fato de que o garçom do bar cobrava um valor acima do que constava no cardápio. De acordo com o documento, as informações acima foram fornecidas ao encarregado pelo “investigador 327” (sic), da DOPS/PE, e também por dois sargentos do Exército que presenciaram tal fato quando estiveram no Gambrinus.

 

 

 

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