Gregório Vassilieff

Gregório Vassilieff nasceu em Arkhangelsk, capital da província de mesmo nome, localizada no norte da Rússia, em data desconhecida.

Gregório era filho de um rico negociante de peixes da cidade de Arkhangelsk, com navios a vapor próprios para exportação. Membro da Guarda Imperial Russa, foi Tenente do Exército Branco durante a guerra civil (1918-1921) que opôs czaristas, liberais e anarquistas contra o governo bolchevique, que tomara o poder em 1917. Ferido na guerra, seguiu para a Finlândia, onde foi hospitalizado, prosseguindo o tratamento em hospitais franceses. De lá, seguiu para a Bélgica, onde se formou em ciências políticas na Universidade de Liège, atuando também como secretário da organização monárquica russa do país. Na Escola de Comércio e Economia da Faculdade de Direito de Liège, diplomou-se com a tese “A situação econômica e financeira da Rússia antes e depois da Revolução”.

Em 1927, emigrou para o Brasil, fixando-se por um tempo em São Paulo, depois migrou para o Uruguai e retornou ao país, fixando-se com a esposa, Sophie, no Recife.

A profissão de Vassilieff, segundo o prontuário individual 5209, produzido a seu respeito pela DOPS/PE, era cossaco russo. E, de fato, Vassillieff integrou um grupo artístico, possivelmente os Cossacos de Kuban, quando de sua passagem pelo Uruguai. Com o grupo, excursionou pelo país até chegar ao Recife, onde decidiu fixar residência com sua esposa, Sophie. Esses detalhes são fornecidos à Secretaria de Segurança Pública (SSP) pela Companhia de Tecidos Paulista, na qual Vassilieff trabalhou depois de sair do grupo de cossacos. Na indústria têxtil, o russo permaneceu entre 15 de junho de 1934 e 15 de dezembro de 1935, saindo por livre e espontânea vontade para estabelecer-se por conta própria. Em 1936, um ofício do Yacht Club da Bahia à DOPS-PE informava que Vassilieff havia se candidatado a gerente daquele estabelecimento.

A permanência de Vassilieff no Recife chamou a atenção dos jornais pernambucanos. O russo costumava dar entrevistas sobre os costumes de seu país, a revolução comunista e a execução da família imperial Romanoff. Em entrevista ao “Diario de Pernambuco” em abril de 1934 narrou a destruição da moral e dos costumes a partir da implantação do regime soviético no país. Segundo o jornal pernambucano “Diário da Tarde”, em matéria anexa ao prontuário, Vassilieff atuou como professor de vários estabelecimentos: cita aulas de francês no Recife, em um colégio de Bauru e no Gymnásio Brasileiro, onde também lecionava pintura. Era correspondente de jornaes da Europa e falava desembaraçadamente o português.

A esposa de Vassilieff, Sophie, era filha de um fazendeiro russo que o tenente conhecera em Montevidéu. No Recife, Sophie Vassilieff dirigiu a Escola Russa de Danças Clássicas, à Rua da Imperatriz, 211, onde eram ensinadas danças clássicas, cujo curso abrange também dansas características hespanholas, boiardas, gytanas, etc. A escola era frequentada por moças e damas da nossa melhor sociedade, vindo preencher uma lacuna que se ressentia o progresso artístico do Recife. Sophie tinha curso completo de ballet clássico e trabalhara seis anos na Ópera de Varsóvia, tendo viajado artisticamente pelas capitais da Europa, e três vezes na Ópera de Montevidéu, segundo reportagem.

Em uma nota publicada no dia 02 de novembro de 1944, o “Jornal Pequeno” do Recife anunciava o falecimento de Vassilieff na cidade de Jacobina, na Bahia, onde ele mantinha um escritório de comissões. Afirmava a nota: Neste Estado foi ex-tenente dos exércitos russos estabelecido, conquistando inteira confiança do nosso comércio pela lisura do seu procedimento. Na nota, o grupo de cossacos que chefiou é chamado Cossacos de Don, talvez, um dos tantos desdobramentos dos Cossacos de Kuban, grupo artístico que atravessou a fronteira do Uruguai com o Brasil em 1933.

 

 

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