Timóteo Scripnic

Timóteo Scripnic (ou Scrypnik) nasceu na Rússia no dia 12 de novembro de 1901.

Chegou ao Brasil, procedente do Uruguai, no dia 20 de novembro de 1933, em companhia dos Cossacos de Kuban (ou Cuban), grupo artístico formado majoritariamente por ex-combatentes da Primeira Grande Guerra, expatriados da Rússia por motivos de ordem política relacionados à Revolução de 1917.

Foi fichado pela DOPS/PE, possivelmente, em 1942, quando os Cossacos de Kuban chegaram ao Recife contratados para se apresentar na Festa da Mocidade. Após a temporada em Pernambuco, o grupo seguiu viagem em direção ao Norte do país. No entanto, alguns meses depois, Timóteo abandonou a turnê, retornando para o Recife, onde outros cossacos já estavam radicados. No final de 1943, ao solicitar salvo-conduto para viajar para Fortaleza, a DOPS/PE abriu o prontuário individual 9041, contendo diversas informações a seu respeito. Nele, Timóteo é identificado como heimatlos, ou seja, apátrida, porém não mais como cossaco cantor. Em seu Registro Geral, consta como profissão retocador de retratos, ofício que passou a exercer ao residir na capital pernambucana.

Através do depoimento de seu amigo Leônidas Ordingew, prestado à Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Pernambuco no dia 05 de janeiro de 1944, torna-se possível saber um pouco mais sobre a trajetória de Timóteo. Leônidas informa que conhecia Scripnic há cinco anos, ou seja, desde 1939, e que durante todo esse tempo, trabalharam juntos como membros dos Cossacos de Kuban. Diz ele que juntos, atravessaram vários estados e que ao chegar no Recife em 1941, Leônidas deixou o grupo, separando-se do amigo. Os Cossacos prosseguiram viagem para o Norte. Mas, meses depois, foi a vez de Timóteo deixar o grupo e fixar residência no Recife, onde passou a trabalhar em um atelier fotográfico que funcionava na Rua da Aurora, 2755, onde permaneceu até novembro de 1942. Por essa ocasião, Leônidas abriu o Bar e Restaurante Familiar Tabu, situado na Rua do Hospício, 65, ocasião na qual convidou o amigo para trabalhar no estabelecimento, por confiar em seu caráter. Porém, uma semana antes do depoimento, ou seja, em fins de dezembro de 1943, Leônidas soube que Timóteo havia recebido proposta mais vantajosa para trabalhar no Ceará. O depoente frisa, então, o bom caráter do amigo e afirma que se responsabiliza pela conduta ‘integral’ de Timóteo.

Obtido o salvo-conduto, Timóteo viaja para Fortaleza, no Ceará, em janeiro de 1944, contratado pela firma Antônio Miranda Relvas. Nessa ocasião, uma comunicação da DOPS/PE à DOPS/CE afirmava que seria interessante vigiar suas atividades, apesar do longo tempo que residia no Brasil: onze anos. A delegacia pernambucana também informou sua condição de apátrida e o meio de transporte usado para deslocar-se para a capital cearense.

Na década de 1960, novos documentos são inseridos no prontuário de Timóteo em razão do seu pedido de naturalização. O fato chegou a ser noticiado pelo “Diario de Pernambuco” em 06 de julho de 1966 através de uma pequena nota, informando que seu pedido havia sido encaminhado pelo governador Paulo Guerra ao Ministério da Justiça. Através do Boletim de Sindicância para Naturalização, documento utilizado na época para dar encaminhamento a esse tipo de processo, é possível saber que Timóteo morava há 26 anos no Brasil, estava casado com Raimunda de Queiroz Scripnic, com quem tinha uma filha de 14 anos, e estabelecido desde 1945 no Recife, onde possuía um comércio e uma residência.

 

 

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