Miguel Klutchko

Miguel Klutchko nasceu no dia 23 de maio de 1894. Segundo seu registro na Delegacia de Estrangeiros, era apátrida (notificado em alemão, heimatlos), procedente da região de Kuban, na Rússia.

Era integrante dos Cossacos de Kuban (ou Cuban) e diretor da Companhia Russa Balalaika, grupos artísticos formados majoritariamente por ex-combatentes da Primeira Grande Guerra, expatriados da Rússia por motivos de ordem política relacionados à Revolução de 1917.

Não consta do registro de Miguel Klutchko na DOPS/PE a data de seu fichamento. No entanto, é possível afirmar, levando em conta a sequência numérica das fichas e notícias publicadas em jornais pernambucanos, que o artista foi abordado pela polícia local em 1942.

Segundo o “Diario de Pernambuco”, em nota publicada no dia 19 de maio de 1942, a Companhia Russa Balalaika faria uma apresentação no dia 23 do mês corrente num evento promovido pelo British Club de Pernambuco em benefício da Cruz Vermelha. Na programação, um repertório clássico e popular com músicas russas, além de um número de dança, aparentemente, inspirado no cancioneiro local: o bailado “Luar do sertão”.

No mesmo período, nos palcos dos cinemas Eldorado, Ideal e Torre, conforme anúncios publicados no “Diario de Pernambuco”, os apreciados Cossacos Russos da Companhia Russa Balalaika, o mais notável conjunto coral dirigido por Miguel Klutchko, realizaram uma série de espetáculos compostos por números de cantos admiraveis, entre os quais, “Barqueiro do Volga”, “Olhos negros”, “Sino da tarde”, “Balalaika” e dansas regionais!

Além da ficha da DOPS/PE, foi localizado o registro de imigração do artista. De acordo com essa fonte, em novembro de 1951, Miguel vivia em Belo Horizonte e exercia a profissão de vigia.

Curiosidade: a canção “Pagode russo”, de João Silva e Luiz Gonzaga, de 1946; a letra é inteiramente dedicada aos Cossacos.

 

Ontem eu sonhei que estava em Moscou

Dançando pagode russo na boate Cossacou

Parecia até um frevo naquele cai e não cai

Vem cá cossaco

Cossaco dança agora

Na dança do cossaco

Não fica cossaco fora

 

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