Maria Lima Negri

Maria Lima Negri, conhecida na vida artística como Maria Lina Del Negri ou Maria Lino, nasceu na Itália e, segundo pesquisadores, teria vindo para o Brasil ainda adolescente, onde viria a se tornar a rainha do maxixe.

Existem controvérsias quanto à data de seu nascimento: segundo a ficha da DOPS/PE, feita em 1938, Maria Lino também atenderia pelo nome de Maria Luiza e teria 54 anos, o que remete a 1884 como data de seu nascimento. Porém, Jota Efegê, autor do livro “Maxixe – a dança excomungada”, principal fonte histórica de pesquisa sobre a dança, afirma que Maria Lino teria nascido em 1880, o que parece o mais provável.

Maria Lino es­treou no teatro de revista (no final do século XIX) em montagens de Arthur Azevedo, com destaque para “O jagunço” (1898) e “Gavroche” (1899). Sua assinatura definiti­va como vedete se deve mesmo à dança do maxixe, tendo participado também do teatro de repertório. Integrante do elenco da peça “Deus”, encenada pela Companhia Renato Vianna e seu teatro no Teatro de Santa Isabel, Maria Lino veio ao Recife em abril de 1938, tendo sido fichada pela DOPS/PE, assim como sua filha Suzana Negri.

É possível afirmar, sem medo de errar, que a história de Maria Lino (ou Lina) se confunde com a história do maxixe e da consagração como dança digna de ser apresentada nos salões da elite. Foi um longo e controverso percurso para esta dança, cujas origens se encontram nos clubes clandestinos localizados na região do Mangue e Praça Onze – na época, chamados “criouléus” – e que viriam a ser os precursores da gafieira no Rio. Considerado extremamente erótico e vulgar – o que era associado à sua origem negra e pobre – o maxixe ganhou apelido de dança proibida.

Maria Lino ficou famosa como dançarina e coreógrafa do maxixe, tendo feito inúmeras apresentações no Brasil e na Europa. Entre 1910 e 1913, ajudou a dar visibilidade ao maxixe em Paris, onde ficou conhecido como o tango brasileiro. Em parte dessas apresentações, Maria Lino tinha como partner Antônio Lopes de Amorim Diniz, o Duque, que a levou para dançar também em Londres. Tais apresentações foram fundamentais para fazer do maxixe a verdadeira dança nacional-brasileira, segundo o noticiário da época, contribuindo para a construção de uma identidade nacional afinada com a ideologia do embranquecimento da população. De volta ao Brasil, Maria Lino fez uma palestra no Teatro Fênix, onde defendia que “A dança é alegria, não tem moral. Nós é que pomos moral, segundo a nossa educação”.

Maria Lino faleceu no Brasil, em 1940.

 

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