Kurt Heinrick Maschke

Kurt Maschke ou Kurt H.Maschke ou Curt Maschke nasceu na cidade de Konitz, atualmente na Polônia, no dia 05 de janeiro de 1894. Nesse período, a cidade localizava-se no que era a então Prússia, compondo parte do Império Alemão.

Chegou ao Brasil em 24 de julho de 1938. Era advogado e funcionário da companhia cinematográfica norte-americana Metro Goldwyn Mayer – MGM. Procedente do Rio de Janeiro, chegou ao Recife em algum momento do ano de 1941, onde se estabeleceu para representar a empresa. No mesmo ano em que chegou, foi recolhido para a Prisão Especial por dois dias, suspeito de ser colaborador nazista.

Afirmava, no entanto, que não havia qualquer fundamento na denúncia, visto que, embora nascido na Alemanha, fui perseguido neste país como judeu, perdi toda minha fortuna, emigrei para o Brasil e trabalho agora na MGM, uma companhia americana, que aliás nunca deixaria-me como seu gerente, se fosse eixista ou simpatizante com o Eixo. Fico detido junto com alemães verdadeiros, como único judeu, o que não acho agradável“.

Dizia também que não tem nacionalidade, não obstante ser alemão, em face de um decreto do governo do Reich […] cassando aos judeus a nacionalidade alemã. Tomou conhecimento do fato por uma notícia do “Diario de Pernambuco”, levando inclusive o recorte, e por isso, declara-se sem nacionalidade em seus documentos. Não tem certidão do decreto por recusa dos consulados localizados no Nordeste.

Todos os documentos sobre Kurt e sua detenção estão reunidos no prontuário individual 7334, aberto na ocasião pela DOPS/PE. Dois anos depois, outro incidente envolvendo o representante da MGM gera novas informações para o prontuário produzido a seu respeito.

Em 1943, Kurt entrou em desentendimento com o diretor do presídio especial de Fernando de Noronha, para o qual a MGM distribuía películas, por cobrar o pagamento de películas entregues à instituição. Segundo o diretor, utilizou termos que fogem às normas da cortesia e resvalam para o terreno do desrespeito à função e à pessoa de nosso Governador e Comandante. Pede providências do delegado, para que ninguém se permita, sob alegações fúteis, dirigir-se com tanto desembaraço a um Chefe de Governo e Comandante Militar. Apesar do incidente, era visto na Pensão Suíssa, onde residiu, como de muito prestígio e é bem relacionado no meio em que vive; costumeiramente, nos dias em que não trabalha, feriados, etc. vai percorrer os principais pontos da cidade, e os suburbios, praias, pontos pitorescos etc. afim de tirar retratos, vistas; e finalmente vai ao Jockey Club de Pernambuco. Com relação à política liga pouco interesse e não gosta de falar sobre política interna ou externa, tem muito pouca convivência, ou seja, é muito pouco visitado por pessoas estranhas, na pensão onde reside. Quando nos momentos de folga, na Pensão, dedica-se aos estudos.

Em 1944, Kurt Maschke ofereceu um cocktail à imprensa e autoridades pernambucanas por ocasião do vigésimo aniversário da MGM. Após gozar férias no Rio, sua volta ao Recife, no mesmo ano, foi noticiada pelo “Diario da Manhã”, que destacou a presença de amigos e funcionários no Campo do Ibura para recebê-lo.

 

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