Bernard Moreira Picit

Bernard Moreira Picit (ou Bernard Picit Moréra) nasceu no dia 18 de junho de 1915 em Saint Etienne, França.

Bernard era pintor, de acordo com sua ficha consular, e artista ou pintor profissional, segundo a DOPS/PE. Desembarcou do navio Campana no Rio de Janeiro no dia 03 de junho de 1939, declarando ser casado e portador de nacionalidade francesa, residindo em Rilly la Montagne, na região do Marne. O pintor morava na Bahia e solicitou visto de permanência definitiva em 1941, tendo sido atendido no ano seguinte.

Existem registros de diversas passagens de Bernard Picit por Pernambuco, entre maio de 1942 e julho de 1948. As informações contidas no prontuário individual 8537, aberto pela DOPS/PE a seu respeito, levam a acreditar que seu fichamento tenha sido iniciado ainda em 1942, um dia depois de sua chegada ao Recife para expor suas pinturas. Esse documento informa que Picit chegou à cidade acompanhado do egípcio Elye Rostan – ora citado pela delegacia como secretário de Bernard, ora como seu empresário.

O relatório de vigilância feito pelo investigador Francisco Gomes Calado pode ajudar a compreender as motivações da DOPS/PE para fiscalizar Bernard e Elye. O investigador menciona que sua atividade de vigilância é feita em continuação dos serviços de sindicância em torno de elementos estrangeiros.

Por meio desse relatório, é possível saber que em 1942, Picit hospedou-se no Hotel Glória e na Pensão Palácio, tendo viajado para Pernambuco com a finalidade de realizar exposição de seus quadros, com temáticas de paisagens e marinhas, em local não informado e localizado à Rua do Imperador. Antes de chegar à cidade, já havia feito duas exposições no Rio de Janeiro e uma em Salvador. Viajava bastante de avião e em barcos a vapor e, segundo relatório da DOPS/PE, vivia em ótimas condições.

O investigador também menciona que Elye, aqui chamado Ranston, era cunhado de um alto comerciante nesta praça o senhor Azzis Rabay. Em 1944, viajou novamente a Recife, hospedando-se no suntuoso Grande Hotel. Nesse ano, segundo outro documento do prontuário, trazia 70 telas, das quais 50 seriam expostas, além de álbuns com registros de exposições na França, Rio de Janeiro e Bahia, provavelmente apresentadas à polícia como prova de sua atividade.

O prontuário também contém a cópia de um telegrama registrado entre fevereiro e março de 1943, no qual se encontra solicitação do chefe de Registro de Estrangeiros da Bahia, para que sejam apuradas informações sobre as atividades da pintora libanesa Juliete Rabay, mencionada como pessoa que requer vigilância cuidadosa e contínua. Logo a seguir, são solicitadas informações sobre Bernard Picit, porém, sem mencionar qualquer vínculo entre ambos.

De volta ao Recife em 1947, Bernard Picit realizou outra exposição, com patrocínio da Diretoria de Documentação e Cultura da Prefeitura do Recife e da Associação Cultural Franco-Brasileira, entidade que financiava sua estadia no país. O objetivo da exposição, segundo declaração de Picit ao “Diario de Pernambuco”, era lançar, no estado, artistas vinculados às escolas clássica, neo-clássica e impressionistas  que teriam realizado seus trabalhos durante a ocupação nazista na França e que foram premiados no Salão Oficial de Paris. Dentre estes, Picit cita Desiré Lucas, Jules Hervé, Marcel Jacquier e Henry Seve. Destaca a matéria a reprodução de quadro de Fernand Gouin.

 

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