O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos

Ana Palmero Chaves

Ana Palmero Chaves, conhecida no mundo artístico como Anita Palmero, nasceu em Ronda, em Málaga, na Espanha, no dia 13 de setembro de 1902.

As fichas consulares de Ana Palmero informam que sua primeira chegada no Brasil se deu na Bahia, em 08 de julho de 1941, com permanência autorizada pelo consulado até janeiro de 1942. Dois meses antes, em novembro, Palmero seguiu para o Rio de Janeiro, mantendo residência em hotel no centro da cidade. Outro registro consular informa nova visita de Ana ao país, desta vez em 1954, com chegada em Porto Alegre.

Anita Palmero era atriz e cantora com passagem em teatros de Tucumán e Buenos Aires e nas grandes rádios argentinas, como as estações Belgrano, Splendid e Rádio Nacional da República Argentina, segundo a revista “Carioca”, em matéria veiculada em janeiro de 1943. Talvez por esse motivo, a revista a tenha mencionado como argentina, quando de fato, seus registros consulares confirmam a nacionalidade espanhola.

Nos anos 1940, a partir do Rio de Janeiro, Ana Palmero se desloca para outros estados. No interior de Minas Gerais, fez uma série de apresentações em Poços de Caldas, seguiu para Curitiba, e posteriormente, em São Paulo, se apresentou no Teatro Santana. De volta ao Rio, tornou-se artista exclusiva da PRE-3, antiga Rádio Transmissora, contratada após uma visita às instalações da emissora, na qual cantou em seus estúdios. Anita Palmero chega a Pernambuco em 1944 para uma temporada de apresentações, cujo repertório era composto de estilos diversificados, tais como tangos, rancheras, suecos e corridos. Em sua passagem pelo Recife, hospedou-se no Hotel Avenida.

Em uma Parte dirigida ao delegado da DOPS/PE, um investigador dá a conhecer um fato ocorrido no Grande Hotel, em que estavam presentes o interventor do estado e outras autoridades. Na ocasião, Anita e uma amiga conversavam alegremente com oficiais americanos, bebiam e soltavam gargalhadas escandalosas, perturbando desse modo o silêncio no ambiente. O investigador fez uma advertência às duas mulheres, exigindo-lhes compostura. Ambas desconsideraram a reprimenda e, segundo o investigador, replicaram desabusadamente, fasendo considerações menos respeitosas a polícia. Como o Secretário se achava presente, intimou a mesma a comparecer a delegacia. Por conta do ocorrido, foi aberto pela DOPS/PE o prontuário individual 9301.

Segundo o “Diario de Pernambuco”, Anita vinha de Belém do Pará, onde trabalhara na Rádio Clube e no Casino Marajó. No Recife, fez audição especial para as tropas norte-americanas sediadas na cidade. Apresentou-se também no Teatro de Variedades da Festa da Mocidade e no palco do Cine Eldorado. Destacada como a alma argentina do tango, Anita se apresentou ao lado do grupo Gente Nossa e do cantor Edgard Cardozo.

O nome de Anita aparece também na programação da Radio Club de Pernambuco, em uma espécie de prestação de contas publicada pela emissora no “Diario da Manhã”, em sua edição de 13 de dezembro de 1944. Vale citar texto do item Broadcasting: Dentro das possibilidades do momento, embora acarretando pesados ônus, nem sempre compensados, procuramos trazer para nosso microfone valiosos elementos do broadcasting nacional. Pouco mais adiante, o texto continua citando Anita entre outros artistas que de passagem por nossa cidade atuaram em nossa estação.

Além dos palcos e das emissoras de rádio, Anita marcou presença eventual no cinema, em filmes como ”Mosaico criollo” (1929) e “El ladrón canta boleros” (1950). A cantora faleceu em 11 de janeiro de 1987.

Para ouvir Anita Palmero

No site Todo Tango, encontram-se dois tangos entoados pela cantora: “Ilusión marina”, de Antonio Sureda e Gerónimo Sureda, e “El que con chicos se acuesta”, de Enrique Delfino.

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