Taco de Ouro

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Prontuário Individual 2963, p.14. Fundo SSP-DOPS/PE. APEJE

 

Apresentado também como cabaret e elegante barbearia, o Taco de Ouro era uma casa de jogos (avenida Marques de Olinda, 133) onde realizavam-se tanto torneios de bilhar quanto shows nacionais e internacionais. Seu proprietário, Domingos Magalhães, também dono do Palace Hotel e do Hotel Alliança, pagava anúncios (como o visto no “Jornal Pequeno” de 20.08.1932) que vendiam o Taco de Ouro como o mais luxuoso Casino do Norte do Brasil […] arte, gosto, beleza, alegria e conforto! Completo serviço de restaurante – magnífico bar – luxuosa barbearia. A casa funcionou entre 1930 e 1936. Na abertura, o público viu uma apresentação de alguns integrantes da Companhia de Revistas e Sainetes Lyson Gaster, famosa companhia de teatro de revista da época. Efetivamente o Taco de Ouro foi inaugurado com muito conforto e decência”, disse o “Jornal do Recife” de 29 de julho de 1930. Tempos depois, como aconteceu com outros estabelecimentos voltados à boemia, as coisas mudariam de figura.

Entre os eventos e atrações noticiados no local, destacam-se o baile à fantasia do Taco de Ouro, no qual modelos vivos apresentarão as mais distintas fantasias desse festival, tudo sob a supervisão do cabaretier Júlio Moraes, diretor artístico da casa. A oferta de atrações era grande: Jazz Band Irmãos Pessoa (talvez o [conjunto] mais apreciado do norte do país, segundo o “Jornal Pequeno”, de 21.02.1933 e 23.02.1933), a cantora norte-americana Rosita Fibleuil, o Grande Circo Irmãos Stevanovick, a bailarina Carmencita Garcia e a trupe Nancy Faraônicas.

Uma crônica do mesmo “Jornal Pequeno” (03.12.1932) dava conta do clima da noite no Taco de Ouro: absolutamente autêntica.[…] Ocupam as mesas não só a mocidade elegante, como também maduros e outros mais chegados ao inverno da vida. Ambiente de conforto para os fugazes prazeres da vida. Música, mulheres, canto, muita luz, flores. Há outras passagens interessantes e bastante pitorescas: Em uma mesa, em animada conversa, um dos convivas deixou escapar sua dentadura, ao abrir a boca para soltar uma estrondosa gargalhada (a notícia diz ainda que a dentadura só foi encontrada meia hora depois, no bolso do paletó de outro participante da festa).

Para além dos elogios à boa vida, havia também críticas à jogatina que passou a caracterizar o Taco de Ouro: segundo um frequentador, aquilo não é mais taco; é tôco… (“Jornal Pequeno”, 10.12.1932). Outra notícia do mesmo periódico afirmava que o cidadão vai buscar alegria e sai carregado de pancadas; e o “Jornal do Recife” afirmava que raro é o dia em que não se verificam desordens e que não saia alguém machucado. Nesse contexto, era um local visado pela polícia local devido a constantes confusões envolvendo o público. Mas os policiais aparentemente passaram a frequentar o local também para se divertir, acabando, eles mesmos, provocando muitas dessas desordens.

Não foram encontradas notícias sobre o fechamento do local. Não há entre os documentos da DOPS/PE nenhum prontuário funcional criado pela Delegacia a respeito do Taco de Ouro, mas na ficha de diversos artistas que compõem o conjunto de verbetes tratados por este projeto, o estabelecimento é citado como local de trabalho e, por vezes, de residência.

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