Taco de Ouro
Apresentado também como cabaret e elegante barbearia, o Taco de Ouro era uma casa de jogos (avenida Marques de Olinda, 133) onde realizavam-se tanto torneios de bilhar quanto shows nacionais e internacionais. Seu proprietário, Domingos Magalhães, também dono do Palace Hotel e do Hotel Alliança, pagava anúncios (como o visto no “Jornal Pequeno” de 20.08.1932) que vendiam o Taco de Ouro como o mais luxuoso Casino do Norte do Brasil […] arte, gosto, beleza, alegria e conforto! Completo serviço de restaurante – magnífico bar – luxuosa barbearia. A casa funcionou entre 1930 e 1936. Na abertura, o público viu uma apresentação de alguns integrantes da Companhia de Revistas e Sainetes Lyson Gaster, famosa companhia de teatro de revista da época. Efetivamente o Taco de Ouro foi inaugurado com muito conforto e decência”, disse o “Jornal do Recife” de 29 de julho de 1930. Tempos depois, como aconteceu com outros estabelecimentos voltados à boemia, as coisas mudariam de figura.
Entre os eventos e atrações noticiados no local, destacam-se o baile à fantasia do Taco de Ouro, no qual modelos vivos apresentarão as mais distintas fantasias desse festival, tudo sob a supervisão do cabaretier Júlio Moraes, diretor artístico da casa. A oferta de atrações era grande: Jazz Band Irmãos Pessoa (talvez o [conjunto] mais apreciado do norte do país, segundo o “Jornal Pequeno”, de 21.02.1933 e 23.02.1933), a cantora norte-americana Rosita Fibleuil, o Grande Circo Irmãos Stevanovick, a bailarina Carmencita Garcia e a trupe Nancy Faraônicas.
Uma crônica do mesmo “Jornal Pequeno” (03.12.1932) dava conta do clima da noite no Taco de Ouro: absolutamente autêntica.[…] Ocupam as mesas não só a mocidade elegante, como também maduros e outros mais chegados ao inverno da vida. Ambiente de conforto para os fugazes prazeres da vida. Música, mulheres, canto, muita luz, flores. Há outras passagens interessantes e bastante pitorescas: Em uma mesa, em animada conversa, um dos convivas deixou escapar sua dentadura, ao abrir a boca para soltar uma estrondosa gargalhada (a notícia diz ainda que a dentadura só foi encontrada meia hora depois, no bolso do paletó de outro participante da festa).
Para além dos elogios à boa vida, havia também críticas à jogatina que passou a caracterizar o Taco de Ouro: segundo um frequentador, aquilo não é mais taco; é tôco… (“Jornal Pequeno”, 10.12.1932). Outra notícia do mesmo periódico afirmava que o cidadão vai buscar alegria e sai carregado de pancadas; e o “Jornal do Recife” afirmava que raro é o dia em que não se verificam desordens e que não saia alguém machucado. Nesse contexto, era um local visado pela polícia local devido a constantes confusões envolvendo o público. Mas os policiais aparentemente passaram a frequentar o local também para se divertir, acabando, eles mesmos, provocando muitas dessas desordens.
Não foram encontradas notícias sobre o fechamento do local. Não há entre os documentos da DOPS/PE nenhum prontuário funcional criado pela Delegacia a respeito do Taco de Ouro, mas na ficha de diversos artistas que compõem o conjunto de verbetes tratados por este projeto, o estabelecimento é citado como local de trabalho e, por vezes, de residência.
Diário da Manhã, 17.10.35. APEJE-PE
Diário da Manhã, 22.01.35. APEJE-PE
Diário da Manhã, 26.07.30. APEJE-PE
Diário da Manhã, 26.07.1935. APEJE-PE
Diário da Manhã, 26.07.1935. APEJE-PE
Diário da Manhã, 31.01.1935. APEJE-PE
Jornal Pequeno, 20.08.1932. BNDigital
Jornal Pequeno, 03.12.1932. BNDigital
Jornal Pequeno, 10.12.1932. BNDigital
Jornal Pequeno, 21.02.1933. BNDigital
Jornal Pequeno, 23.02.1933. BNDigital
Jornal Pequeno, 26.05.1933. BNDigital
Jornal Pequeno, 03.06.1934. BNDigital
Jornal Pequeno, 13.02.1935. BNDigital
Jornal Pequeno, 21.08.1936. BNDigital
A Província, Ed.157, 1930. BNDigital
A Província, Ed.170, 1930. BNDigital
A Província, Ed.181, 1930. BNDigital
Diário da Manhã, 23.10.1935. APEJE-CEPE
Diário da Manhã, 02.08.1935. APEJE-CEPE
Diário da Manhã, 34.12.1934. APEJE-CEPE
Diário da Manhã, 34.12.1932. APEJE-CEPE
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