Rita Gouillaux

Rita Gouillaux (ou Rita Heléne Goilloux), também conhecida como Jacqueline Roland, nasceu em 17 de fevereiro de 1913 em Pavia, Itália, sendo portadora de passaporte de nacionalidade francesa.

Rita foi fichada pela DOPS/PE em 1938, quando chegou ao Recife para trabalhar no Imperial Casino. Anos depois, em 1943, os investigadores da polícia pernambucana abriram o prontuário individual 8825, motivados por uma comunicação da DOPS/MG pedindo informações a respeito da artista. Na carta dirigida à Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Pernambuco, datada de 15 de junho daquele ano, o delegado mineiro ainda traçava um pequeno perfil de Rita com dados sobre sua filiação, data de nascimento, residência em Belo Horizonte e seu local de trabalho, a Rádio Guaraní. Em resposta, a DOPS/PE informa que Rita passou pelo Recife em 1938, quando foi contratada para trabalhar no Casino Império (aqui, vale assinalar o erro na informação fornecida pela polícia local, pois, em 1938, o Casino Império ainda não funcionava. Rita, como registrado na ficha a seu respeito, se apresentou no Imperial Casino).

Detalhe que pode ajudar a compreender o motivo da busca da DOPS/MG está associado aparentemente a uma certa controvérsia quanto ao estado civil de Rita: o delegado mineiro, João Luis Alves Valadão desconfiava se Rita era, de fato, solteira, pois afirmava que interpelada habilmente por um policial, por manter conversas com seus compatriotas sobre a política de Laval, invocou o estado civil de casada. O fato que importa não é tanto o estado civil da artista, mas, provavelmente, seu interesse pela política de Pierre Laval – socialista francês que se tornou membro da extrema direita e simpatizante do Nazismo. Até o episódio narrado sobre Rita, Laval havia sido primeiro ministro francês por duas vezes: em 1931-1932 e em 1935-1936. Voltaria ao cargo por mais duas vezes: em 1940 e, depois, entre 1942-1944 – sendo este último biênio período do regime colaboracionista de Vichy, durante a ocupação nazista na França.

Em resposta à delegacia mineira, a DOPS/PE confirma ser Rita atriz, com passaporte francês e carteira de identidade argentina. Confirma que ela esteve na cidade a trabalhar no “Casino Império” e que estava registrada no Serviço de Censura Teatral da delegacia. O documento é assinado por João Pinheiro de Almeida, encarregado do Serviço de Censura Teatral. Noutra carta endereçada ao delegado mineiro, desta vez assinada pelo delegado Fábio Corrêa, é confirmada a atuação de Rita no Casino Império, além de ser informado que não registra antecedentes políticos-sociais em Pernambuco.

Rita Goillaux foi notícia várias vezes pelo jornal “GrãFina” de Curitiba, no Paraná, quando atuava no Casino Ahu. Em sua estreia no ano de 1941, era descrita como excêntrica bailarina acrobáta, com interpretações de músicas clássicas com grande grau de dificuldade, dizia-se também que é uma artista original e com certeza conquistará muitos fãs. Alguns dias depois, a atriz foi capa do periódico, que a classificava como uma das atrações mais ruidosas do grill room do Casino e ressaltava suas qualidades como cantora. Na coluna de rádio da mesma edição, no entanto, aparece uma crítica à falta de emoção de sua voz, embora agradável e radiofônica.

Outras notícias avaliam a performance de Rita como cantora. No Recife, estreou na Rádio Jornal do Comércio em 19 de novembro de 1949, segundo o “Diario de Pernambuco”, fazendo temporada em seu auditório. No mesmo ano, cantou ao lado de outros artistas no Campinense Club de Campina Grande, na Paraíba, em homenagem aos Diários Associados pela inauguração da Rádio Borborema, ocorrida em dezembro daquele mesmo ano.

 

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