Imperial Casino

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Revista do Imperial Casino. Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco

 

Inaugurado no dia 18 de setembro de 1934 e anunciado como magnífico centro diversional de boas instalações e absoluto conforto, em um dos melhores pontos da cidade do Recife, o Imperial Casino foi descrito generosamente pelo periódico paranaense “A Noite” (1937): O ‘Cabaret’ da Moda, com as mais lindas e perturbadoras garotas do Recife.

O Imperial abria todas as noites, a partir das 22h30. Passou por várias mãos: nos primeiros meses foi administrado por Jacyntho Scarpini e outros, como consta no anúncio. Deixou de funcionar brevemente no início de 1935, quando o arrendatário Edmundo Witkosky anunciou que deveria retirar-se da cidade. Reabriu suas portas em 02 de maio daquele ano sob direção de uma nova e acreditada firma, a J.Mello & Cia, que estava a par com o progresso da capital pernambucana (“Diario da Manhã”, 01.05.1935). Em agosto de 1938, uma nota no “Diário Oficial” informa que seu proprietário, agora um senhor chamado Oscar Veloso da Silva, havia fechado o estabelecimento no dia 16 de julho por não mais ser possível continuar com aquele negócio (ou seja: os rebus já eram constantes ali).

No entanto, é possível supor que o cabaré-cassino tenha mais uma vez passado às mãos de outro proprietário, pois nas fichas de diversos artistas registrados nos anos 1939 a 1941 (a exemplo do comediante Manlio Salce e da bailarina Maria Montesinos), consta como local de trabalho o Imperial Casino.

As atrações eram anunciadas quase diariamente nos jornais locais. Na reinauguração, por exemplo, vieram bailarinas de outros estados, todas a bordo do vapor Aratimbó (“Diario da Manhã”, 01.05.35). Nos anos de 1935-38, sob a batuta do Fundador-Diretor-Gerente Francisco Anello, o Imperial editou uma revista ilustrada (edições dos anos de 1936, março de 1937, julho de 1937 e de 1938 foram encontradas na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco). A publicação do bas fond mais elegante da cidade reproduzia fotos de suas artistas, poesias dedicadas às girls, uma coluna de fofoca e piadas intitulada “Para desopilar o fígado”, publicidade de diversas firmas e estabelecimentos comerciais do Recife, além de endereços de casas de diversões no Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, apontando para a existência de um grande circuito de entretenimento no Brasil.

Nos seus salões de diversões chics, passaram nomes como Any Mer, bailarina fantasista húngara; Carmen Luna, cantora e dançarina espanhola; Deo Maia, sambista brasileira; as Holywood Sisters; o cantor português Julio Moreno, o principe dos cabarettiers; as Irmanas Torres, bailarinas e cancioneiras espanholas; a vedete Lolita Ruamor; a vedete francesa Lydia Ivanna; Lucia Miranda, a rainha do fado; Rosita Daker, nossa Josephine Baker; as bailarinas americanas Sisters Colman; a artista genérica Tonita Gomez; a jazz-band baiana Os Almirante Jonas, com 12 músicos, de passagem por Recife, contratados por 15 noites no Imperial; Charles Morris, bailarino cubano; a sapateadora excêntrica Cherry Oliver; Cleo Silva, a rainha da macumba; Dora Brasil, a bamba da Zona; Leonor Torres, cantora vinda da broadway portenha; Luly Malaga, divina inspiradora nos tangos; Hellen Cook, vedete inglesa, bailarina clássico-fantasista; as bailarinas russas Irmãs Petrowa; o dueto de bailes do “Paramount Studio”, Irmãos Picciardini; Rosita Fibleuil, sapateadora excêntrica algeriana.

Além desses, muitos outros, que além de trazerem suas referências musicais para Pernambuco, também absorviam referências locais em seu repertório. Na programação publicada nas páginas do “Diario da Manhã”, os títulos das músicas ou apresentações dos artistas demonstram essa característica. Na Folia de Momo de 1936, o Imperial Casino abrigava, segundo jornal local, o carnaval da loucura, um carnaval verdadeiramente diabólico, de alegria intensa, que parece não acabar mais… ao som irresistível de um ‘jazz’ mephistophélico, uma onda polycroma de lindas phantasias vive horas que as loucuras de Momo transformou em um novo mundo, de sonho e de êxtase (“Diario da Manhã”, 25.02.1936). Neste ano, o estabelecimento foi homenageado em marcha-canção com música do maestro Gaspar de Moura e letra de Cilro Meigo, intitulada com o nome do estabelecimento:

1ª parte

O carnaval pernambucano

Genuíno

Este ano

Só no Imperial Casino.

Batalhas de confettis,

Phantasia,

“Pierrots”, “pierrets”,

Alegria,

Serpentinas,

Colombinas, que gôzo ideal

Brincar o carnaval

No Imperial.

2ª Parte

Vamos mocidade do bom-tom

Para o frevo no ‘grill-room’

Do Imperial

Não faz mal

Si a vida é um carnaval

Que importa o destino?

Vamos, brincar no Imperial Casino.

 

 

 

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