Imperial Casino

A_Noite_1937

A_Noite, 1937, BNDigital

 

A relação do Imperial Casino com os órgãos de repressão é sui generis. Uma das mais movimentadas casas de diversões da cidade (1934-41), o local era vigiado por agentes designados especialmente para permanecer nas dependências. Como era de praxe, o próprio estabelecimento pagava por tal campana. Mas, para além disso, esses homens da polícia eram ainda homenageados pela casa, com direito a fotografia na efêmera “Revista Imperial Casino”, revista ilustrada publicada entre 1936-38 (edições dos anos de 1936, março de 1937, julho de 1937 e de 1938 foram encontradas na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco).

Funcionando na avenida Alfredo Lisboa, 345, durante os primeiros anos do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, o Imperial teve seus artistas fichados em grande quantidade: foram 73 dos 403 nomes revelados pelas fichas levantadas nesta pesquisa, dentre os quais vários são estrangeiros. Considerando que muitos dos documentos da Delegacia de Ordem Política e Social se perderam, é plausível supor que o mesmo possa ter acontecido com o prontuário funcional sobre o Imperial Casino. Tal indício é corroborado pelo fichamento de um grande número de artistas que indicaram como local de trabalho o Imperial, pela existência de prontuários funcionais para estabelecimentos do mesmo gênero (a exemplo do Casino Império) e ainda por conta de um documento, um contrato firmado entre o músico Francisco M. de Souza, violonista e bangista, com a empresa J.Mello & Cia em 1936, que consta no verso de um documento do prontuário funcional N. 1329 – D, a respeito de uma empresa de uma empresa de navegação.

Como outros estabelecimentos similares, o Imperial Casino deixou de ser conhecido por seu glamour para ganhar os noticiários como local de “desordens”. Uma das notícias sobre pancadaria fala do comissário de Vigilância e Capturas Luiz Marques (“Jornal do Recife”, 15.01.1935). Em outra, sabemos da morte de um cliente em consequência de uma síncope: “Morreu quando jogava no Imperial Casino”. Após uma revista, descobriu-se que o morto tinha uma porção de maconha nos bolsos (“Jornal Pequeno”, 05.03.1939), alvissarando mais o relato a respeito. Em outro caso, violência contra a mulher: fala-se sobre os ferimentos e agressões realizados pelo cabaretier Hugo Catalhano em sua companheira Clô Machado. Segundo ela, ele já havia ferido um homem à bala e anavalhado o rosto de uma atriz em São Paulo (mais informações sobre o Imperial podem ser encontradas na Cartografia das Delícias).

 

 

 

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