Casino Imperio
Jornal Pequeno, 1946.10.05 – BN Digital
Assim como outros estabelecimentos de entretenimento da época, o Casino Império, bastante popular na noite recifense dos anos 40, foi anunciado com pompa e distinção na publicidade (frequência de gente de muito bom gosto), para logo ser defenestrado pelos jornais de então, que passaram a atacar justamente os frequentadores do estabelecimento. Durante o período de seu funcionamento, o local (na avenida Marquês de Olinda, área Portuária do Recife) era noticiado principalmente não por suas atrações, mas por constantes confusões envolvendo funcionários, artistas, “mundanas” (termo visto na imprensa de então) ou membros da Base Aérea Norte-Americana, cuja presença era comum naquele momento de guerra mundial.
Algumas notícias dão o tom do clima do cassino, que funcionava das 21h às 2h da madrugada: Um norueguês trouxe em polvorosa o Casino Imperial (“Jornal Pequeno”, 25.11.1947); Depredaram o Casino Império (“Jornal Pequeno”, 10.03.1948; Casino Império entre as firmas que infringiram o código de menores (“Jornal Pequeno”, 12.03.1948); Desordens no Bairro do Recife (sobre confusão entre militares e civis em frente ao Casino. “Jornal Pequeno”, 12.01.1950).
Em um prontuário funcional criado pela DOPS/PE, possivelmente anterior ao ano de 1943 (data dos documentos ainda existentes), encontram-se fichas com 37 nomes de empregados do estabelecimentos, músicos, bailarinas e bailarinas-cantoras. Todas as fichas estão carimbadas e rubricadas pelo proprietário do Casino Império, o comerciante espanhol Manoel Lopes Alvarez, ele também prontuariado.
Em uma tentativa de elevar a moral da casa depois do bombardeio de más notícias, Alvarez tentou reabrir o cassino após uma grande reforma, promovendo novos shows e jogos no final de agosto de 1945. Em outubro do mesmo ano, aconteceu a inauguração de uma secção culinária. Na ocasião, o cassino ofereceu ao público apresentações do mágico Chan Woung e dos dançarinos e acrobatas Romancito e Mercedes, contratados por uma temporada. Entre outros nomes que estiveram lá (e que eram olhados, é claro, com especial interesse pela DOPS/PE): Myrna Layo, Ballet Tania Tanagra; o artista Jan Gran; o Ballet Betty (com os “notáveis bailarinos internacionais” Betty e Joy); o Ballet Nice; Ely Camargo (a “princesinha do samba”) e a prestigiada cantora Marlene – que, aliás, foi também fichada pela delegacia.
Jornal Pequeno, 01.11.1945. BNDigital
Jornal Pequeno, 1946.10.26. BNDigital
Diário da Manhã, 02.08.1947. APEJE-CEPE
Diário da Manhã, 31.03.1948. APEJE-CEPE
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