Arlete Flôres

Arlete Flôres, conhecida no mundo artístico como Sandra Flôres, nasceu no Rio de Janeiro no dia 06 de março de 1920.

A artista foi detida para averiguações policiais pela DOPS/PE no dia 15 de julho de 1943. Sua prisão foi resultado de uma busca no Hotel Central, feita por dois investigadores. Em uma Parte dirigida ao Encarregado do Serviço da Ordem Política e Social, um dos investigadores relata que não encontraram nada de interesse dessa Especializada, trazendo a referida senhora à vossa presença.

Detida e levada à DOPS/PE, Arlete informou à polícia que saíra da casa dos pais ao completar 20 anos de idade para viver em companhia de um estudante de medicina, trabalhando no comércio, como caixa do Salão Rex e como auxiliar de balcão das Lojas Americanas. Um ano antes da detenção, havia sido contratada para trabalhar como bailarina no Casino Tabariz, na cidade de Salvador, filial do Casino Atlântico, tendo sido recomendada por intermédio de um gerente do referido cassino carioca. Estando em Salvador, foi contratada por agentes do Casino Império, seguindo para Recife juntamente com a amiga Genette Alves George, que era chamada pela polícia, em outro documento, de sua inseparável companheira.

Não foram localizados quaisquer registros na imprensa que destacassem o trabalho artístico de Arlete e de sua amiga Genette. No entanto, a documentação das investigações a respeito de cada uma pela DOPS/PE é bastante detalhada.

Após algum tempo trabalhando nesse cassino, Arlete passou a viver maritalmente em companhia de um sargento da marinha norte-americana. Informou à polícia que não tinha qualquer envolvimento com as questões políticas relacionadas à guerra, que desejava a vitória do Brasil contra o Eixo, mas não externava sua opinião publicamente. Afirmou desconhecer o regime nazista e outros assuntos políticos, preocupando-se unicamente com sua vida e profissão, tendo apenas assistido filmes americanos de propaganda contra aquele regime [nazista], que ao ver da declarante poderá ser uma verdade, mas ao mesmo tempo também poderá ser uma mentira.

Todas as investigações realizadas pela DOPS/PE entre 1943 e 1945 para tentar provar alguma coisa contra Arlete não tiveram qualquer resultado positivo. O prontuário individual 8736, aberto a seu respeito, também não identifica os motivos que justificassem a prisão de Arlete, uma bailarina morena carioca e jovem que foi para o Recife por conta própria e, muito menos, que explicassem a razão de sua perseguição durante dois anos.

São as informações do prontuário de sua amiga (ou prima) Genette Alves George que tornam possível identificar os motivos que levaram à perseguição de Arlete. Genette Alves George tornou-se suspeita de colaboracionismo com o Eixo por portar o cartão de Rolf Settmacher, cuja mãe, a senhora Esther Settmacher, era dona de uma pensão na Rua das Pernambucanas, na qual encontravam-se hospedados, sob custódia, vários alemães perigosos que para ali foram mandados pela DOPS. O contexto da guerra e o fato de que as duas amigas eram casadas com militares norte-americanos tornaram ambas suspeitas. Foi a posse do cartão de visita, segundo a DOPS/PE, que tornou Genette suspeita, pois poderia estar em contato com os americanos para colher informes e transmitir ao serviço alemão, assim como Arlete/Sandra.

 

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