Gruta Azul
Todo viajante deve conhecer a Gruta Azul, dizia o anúncio visto no “Diario da Manhã” do dia 06 de setembro de 1936. O texto, voltado para aqueles que visitavam a capital pernambucana, vendia o popular bar e restaurante inaugurado na Rua da Imperatriz, 53, e transferido posteriormente para a Rua do Imperador, 451, no bairro de Santo Antônio. Chope ao ar livre e macarronada à italiana eram algumas das atrações da casa, que foi perscrutada pela DOPS/PE.
No dia 16 de dezembro de 1941, “o investigador n° 86” informa ter observado a presença de diversos italianos e brasileiros reunidos no local durante cerca de cinquenta minutos, aparentemente discutindo o que acontecia na Europa naquele período. O relato referia-se claramente aos eventos relacionados à Segunda Guerra Mundial. Em outro documento, com data do dia 27 de dezembro de 1941, relatou-se a ocorrência de uma reunião no 1° andar do bar, onde o policial identificou Arturo, proprietário do bar, Dr. Gonçalves José de Melo, médico, tendo seu gabinete na Sloper, 1º. andar, Jorge Schuler Vilarouca, telegrafista do Nacional, Rafael do Conte (ou Bonde) e outros de nacionalidade italiana. Além de frisar a procedência daqueles indivíduos, o documento revela que os participantes ouviam por um aparelho radiofônico o movimento internacional, ficando então todos comentando o resultado da irradiação. Os jornais locais noticiaram acontecimentos no mínimo pitorescos acerca da trajetória do estabelecimento. Em uma dessas ocasiões, foram apreendidas duas latas de azeite de oliva supostamente desviadas da firma A. Machado & Cia por um dos funcionários do bar (“Diario de Pernambuco”, 03.02.1942). Pouco tempo depois, publicou-se no mesmo diário, no primeiro dia de abril de 1942, um anúncio que noticiava a venda daquele local. Dizia-se: ótima ocasião, vende-se urgente o conhecido Bar e Restaurante Gruta Azul, a tratar no mesmo com o dono. Não se sabe, no entanto, o motivo da oferta.
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