Tamôio Films
A Tamôio Films Limitada, na hoje notívaga rua Vigário Tenório, no Bairro do Recife, foi uma singular empresa cinematográfica pernambucana fundada por operários do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca, Panificação, Confeitarias e Massas Alimentícias e Biscoitos do Recife.
Fundada em 24 de abril de 1944, ela também sofreu investigação da DOPS/PE (aliás, já no dia da inauguração). O controle exercido pela delegacia chegava ao ponto de ser necessário um pedido de autorização por parte da empresa para a realização de reuniões, várias delas com a presença de agentes policiais. Essa observação extrema tinha sua razão: a Tamôio, pelo que expõe os documentos constantes no prontuário funcional 0268, era formada principalmente por operários e propunha a criação de espaços associativos, como uma escola para os filhos dos seus membros.
Segundo a ata de sua fundação, a Tamôio foi concebida como empresa de dupla finalidade: filmagem e beneficência. Era uma associação aberta a qualquer cidadão em juramento de fé e honra, e todos os sócios eram considerados fundadores, desde que cumprissem seus deveres, no desejo cooperativo de trabalhar-mos para o engrandecimento da Indústria Cinematográfica, que vem a inlustrar a Pernambuco, e o Brasil [sic]. Propunha-se, também, a manter fundos de pensão para seus trabalhadores em diversas situações de agravo, mediante contribuições pré-estabelecidas.
De acordo com documento assinado pelo “investigador 78”, Paulo Valença, presente na sessão inaugural da empresa, realizada no dia 23 de abril de 1944, estavam reunidos 30 operários, de todas as classes, os quais são chamados sócios fundadores. Segundo o agente – possivelmente motivado por um preconceito de classe – a Tamôio estava fadada ao fracasso, por ser uma industria difícil e por não dispor de elementos de nível intelectual pelo menos medíocre. No entanto, por disputas internas – segundo o investigador – foi este convidado a presidir a sessão, tudo ocorrendo sem maiores problemas, com diretoria eleita para a elaboração dos estatutos.
Segundo nota do “Diario de Pernambuco” de 08 de novembro de 1945, a Tamôio exibiria no mesmo dia, em sessão especial, [….] os seus trabalhos de estréia, todos constantes de reportagens rodadas pelos seus camera-men, com a presença das famílias, de jornalistas, cinematografistas e autoridades.
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