O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos

Rádio Tamandaré

Prontuário Funcional 971-D. Fundo SSP-DOPS/PE. APEJE

Foi uma inauguração cheia de pompa e circunstância: estavam reunidos os governadores de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, que apareciam ao lado de Roberto Marinho (diretor da Rádio Globo e do jornal O Globo) e Assis Chateaubriand (diretor dos Diários Associados e Rádios Associados). Entre os recortes de jornais contidos no prontuário funcional elaborado pela DOPS/PE sobre a Rádio Tamandaré, há uma matéria publicada pelo “Diario de Pernambuco” no dia 03 de abril de 1951 a respeito da realização das festas inaugurais da mais nova emissora. Um auditório de rádio foi instalado no antigo (o termo “antigo” aqui utilizado pelo jornal) cinema Polytheama, localizado à rua Barão de São Borja, no bairro da Boa Vista. Para a programação inaugural da mais nova célula das Emissoras Associadas, foi reunido um verdadeiro congresso artístico, apresentando os mais expressivos valores de todas as suas tabas, de Manaus ao Rio Grande do Sul. Enviaram artistas de seu cast a Rádio Barê (AM), a Ceará Rádio (CE), a Rádio Poty (RN), a Rádio Borborema (PB), a Rádio Sociedade (BA), a Rádio Guarany e a Radio Mineira (MG), entre outras. Como integrantes da formidável caravana vinda do Rio e São Paulo, temos o maior humorista caipira do rádio brasileiro, Mazzaroppi, primeiro comico da televisão no Brasil; Lucio Alves, o cantor romântico, Hebe Camargo, a flor do Sumaré, Ademilde Fonseca, a rainha do chorinho, entre outros.

A abertura consta nos documentos presentes na DOPS/PE na década de 1950. O prontuário apresenta uma lista manuscrita com nomes de prováveis funcionários da emissora e suas respectivas funções, sem data ou indicação de autoria. Um impresso sem data apresenta a relação dos horários dos jornais falados das emissoras, relacionando também os dias da semana, os nomes e os telefones dos programas jornalísticos da Radio Club de Pernambuco, Radio Jornal do Commercio, Rádio Tamandaré e Rádio Olinda. Existem ainda três carteiras de identificação pertencentes a funcionários da emissora. Além desses documentos, foi encontrado um ofício remetido pelo delegado auxiliar da DOPS/PE ao diretor gerente da rádio no dia 29 de março de 1951. Nele, a autoridade policial designa o investigador José da Silva Moutinho para atuar nas dependências da emissora. A vigilância era uma realidade durante as comemorações do primeiro aniversário da rádio. Segundo o “Diario de Pernambuco” de 1º de abril de 1952, Luiz Gonzaga foi a atração maior na festa que teve discurso do advogado Antiogenes Chaves, diretor presidente da Rádio Tamandaré. Na década de 1980, a emissora foi vendida pelos Diários Associados para o Grupo Edson Queiroz. Já em meados dos anos 1990, a empresa foi arrendada à Igreja Universal do Reino de Deus, estabelecendo uma programação voltada para o público evangélico.