Grande Cirkus Fekete

CIRKUS_FEKETE

Diário da Manhã. 07.09.1940, p.9. APEJE-CEPE

 

O Grande Cirkus Fekete realizou pelo menos três turnês em Pernambuco: periódicos locais mostram notícias de apresentações da trupe em 1937, 1940 e 1947. A chegada da lona, que foi erguida nas demolições do bairro de Santo Antônio, foi intensamente divulgada: sua grandiosidade chamou atenção dos recifenses acostumados a trupes menores. Nos jornais, lia-se que o Fekete era coberto com lona de duas faces, picadeiro e palco bem dimensionados, com iluminação esférica. As atrações também enchiam os olhos e ouvidos: os sete acrobatas húngaros; a trupe Mohamed (composta por dez árabes marroquinos e campeões saltadores); Great Troupe Shilinskill; Radio Girls; saltimbanco Temperani; Gus and Djick, atletas cômicos ingleses; troupe Drandes; seis cossacos; a equilibrista japonesa Mamica; os oito chineses; o artista equestre alemão Herr Gauthier; cavalos, cabritos e porcos amestrados; os clowns e toonies Pão duro, Jacaré e Chimarrão e o cômico Zé Cupira. Mais de sessenta artistas faziam parte do show.

O Fekete tinha como marca, assim como visto historicamente em outros circos, uma formação baseada no núcleo familiar – é daí justamente que vem seu nome. Pesquisadores como Silva e Abreu mostram que várias lonas existentes entre o fim do século 19 até a metade do século 20 também eram oriundas de relações estabelecidas com artistas imigrantes e das interligações entre as várias famílias circenses, mesmo as não-proprietárias. Era dirigido pelo húngaro Giovanni Fekete, que tocava a lona com ajuda dos filhos (Johnny, Charly, Jimmy, Bobby e Billy). Além da administração, os irmãos também atuavam como trapezistas, acrobatas e mesmo atores. Nesse momento, era comum, nos circos brasileiros, espetáculos divididos em duas partes: na primeira, estavam os números de variedades, enquanto o segundo momento do show era dedicado às pantomimas e/ou apresentações teatrais, manifestações batizadas por alguns pesquisadores como circo-teatro. No Recife, foram encenadas peças como o drama “Lagrimas de homens”, “O mártir do calvário”, “Deus lhe pague”, “A marqueza de Santos”, “A grande casa dos fantasmas” e “O morto que não morreu. Em 1940, quando o circo ergueu-se novamente no bairro de Santo Antônio, foi apresentada a peça “A revolução francesa de 14 de julho”, exibida às segundas. Durante essa temporada, o Fekete também circulou no subúrbio recifense, descentralizando sua produção artística.

Em 1947, foi a vez da lona ser levantada no Largo João Alfredo, no bairro da Madalena, ocasião do registro na DOPS/PE de alguns artistas que declararam fazer parte do circo. No mesmo ano, os integrantes da trupe se reuniram ao Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP) na produção de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, espetáculo pioneiro que obteve grande sucesso.

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