Cine Clube Charles Chaplin

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Prontuário Funcional 1126-D. Fundo SSP-DOPS/PE. APEJE

Mil novecentos e cinquenta e cinco: a documentação do prontuário funcional 1126-D presente na DOPS/PE e referente ao Cine Clube Charles Chaplin atestava que aquele cineclube era usado como instrumento de ação politica. Entre seus sócios beneméritos, estavam verdadeiros agitadores, como Pelópidas da Silveira, que, naquele mesmo ano, seria eleito novamente prefeito da cidade do Recife. Outros nomes de peso constavam nesse prontuário, a exemplo de Miguel Arraes (então deputado estadual pelo PSD) e Francisco Julião, advogado diretamente ligado às Ligas Camponesas.

As pistas para que o órgão repressor chegasse a tal conclusão tinham base na própria proposta do cineclube. O filme “Alemanha, ano zero, do italiano Roberto Rossellini, foi exibido dentro do projeto “Cinema gratuito e explicado” nos sindicatos dos comerciários, dos têxteis e da construção civil. Os trabalhadores contaram, depois de ver a película, com um debate comandado pelo jornalista Angelo de Agostini.

Na ficha de filiação do Charles Chaplin (dentro da “Campanha dos dois mil sócios”), encontram-se explicações sobre as atividades do clube: Associação que visa difundir o bom cinema, através de organizações sindicais e de classe, utilizando, para tal, exibições, conferências e debates […] O programa do Cine Clube Charles Chaplin constará de filmes italianos, franceses, tchecos, americanos, poloneses, e de outros países, acompanhados sempre de uma conferência explicativa.

O “Diario de Pernambuco” de 23 de Abril de 1963 citava, na coluna do cineasta Fernando Spencer, a remessa do primeiro número de “Borrão de Cinema”, boletim mimeografado pelo cineclube, à época sediado no Colégio Estadual de João Pessoa e dirigido pelo crítico Paulo Albuquerque Melo.

 

 

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