Abele Di Angeli

Abele Di Angeli nasceu na Itália em ano desconhecido.

Abele esteve no Recife em 1934 como diretor da Companhia Lírica Italiana e teve, em seu nome, o prontuário individual 3749 aberto pela DOPS/PE. Embora não haja notificação da data em seu registro, este deve ter ocorrido, provavelmente, no ano em que a Companhia estreou na capital pernambucana, tendo sido feito em atenção a um pedido do Inspetor Geral de Investigações do Rio de Janeiro, César Garcez, ao então Secretário de Segurança Pública de Pernambuco.

Em telegrama sem data, Garcez solicitava saber, com urgência, se o emprezário Abele de Anilis da Companhia Lírica da qual fazem parte os irmãos Celestino encontrava-se no Recife. É provável que o Chefe da Ordem Política e Social, A. da Silva, tenha solicitado informações a algum investigador local, pois deste recebeu um bilhete, no qual se afirma que Abele estaria em Natal ou Fortaleza e que seguiria para o Recife, com chegada prevista no dia 10 de setembro, a fim de fazer temporada no Teatro de Santa Isabel, para o que, já havia solicitado autorização. Este mesmo investigador afirmava que ele fazia parte, na verdade, da Cia. Lírica Italiana – que não era a dos irmãos Celestino, sendo esta a Companhia de Operetas Vienense. Em seguida, o chefe da Ordem Política e Social enviou telegrama de resposta a Garcez com informações sintéticas do levantamento realizado por seu investigador.

Um conjunto de notas, matérias, críticas e anúncios publicados nos periódicos locais revela informações mais precisas sobre a temporada da Companhia Lírica Italiana, dirigida pelo tenor italiano Cav. Abele de Angeli no Teatro de Santa Isabel. No “Diario de Pernambuco”, já um mês antes da chegada da Companhia à cidade, eram veiculadas matérias, que afirmavam que há mais de 10 anos nenhum grupo desse tipo se apresentava no Recife. O jornal reclamava do tempo entre essa temporada lírica […] por uma companhia estrangeira e a anterior, sendo que esta contava com nomes universalmente festejados. Entre eles, falava de Di Angelis, tenor tantas vezes vitorioso no Colón de Buenos Aires, onde só ingressam as figuras de real notoriedade na esfera da arte teatral.

A Companhia Lírica vinha de apresentações em Buenos Aires, Rio de Janeiro, Bahia e Maceió e tinha orquestra própria, dirigida pelos maestros concertadores Santiago Guerra e Enrico Cogorno, dos teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo, e pelo maestro substituto Carlos Campitelli. O elenco era composto por cerca de 90 figuras, seus cenários haviam sido fabricados em Milão por Rovescalli, do Teatro Scala de Milão, contando ainda com vestuário do Teatro Colón de Buenos Aires. O primeiro espetáculo no Recife foi feito em homenagem a Heitor Villa-Lobos, de passagem pela cidade.

A imprensa local afirmava haver grande expectativa na cidade quanto à chegada da Companhia Lírica Italiana. No entanto, matéria publicada no “Jornal do Recife” no dia 20 de julho abordava a ausência de público no espetáculo, lamentando profundamente o fato pois contavam-se 15 anos que uma companhia lírica não se apresentava na cidade. Cinco dias depois, uma nota do mesmo jornal anunciava novo espetáculo em homenagem ao interventor interino do estado.

De Recife, a Companhia seguiu para Natal, apresentando-se no Teatro Carlos Gomes. Meses depois, a companhia voltou ao Recife, com novas apresentações no Teatro de Santa Isabel.

 

 

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