Genette Alves Georges

Genette Alves Georges nasceu em Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro, no dia 05 de janeiro de 1922.

A artista chegou ao Recife por avião no dia 08 de dezembro de 1943, procedente da Bahia. Em seu prontuário, constam pedidos de informação da DOPS/PE a seus congêneres na Bahia e Rio de Janeiro, cujas respostas apontavam não haver qualquer notificação suspeita sobre Genette. No Rio de Janeiro, constava ter trabalhado como auxiliar vendedora nas Lojas Brasileiras e no Salão Rex, ambos em Copacabana. Afirmava ser doméstica ou bailarina. Genette tinha uma filha de quatro anos que vivia com o pai, ficheiro do Casino Atlântico, no Rio de Janeiro.

Não foram localizados quaisquer registros na imprensa que destacassem o trabalho artístico de Genette e de sua amiga Arlete Flôres – também prontuariada. No entanto, a documentação das investigações a respeito de cada uma pela DOPS/PE é bastante detalhada.

Através do prontuário individual 8735, produzido a respeito de Genette, sabe-se que no dia 12 de julho de 1943, foi feita uma sindicância sobre sua vida, encaminhada ao encarregado do Serviço de Ordem Política e registrada na Secção de Censura. No relato dessa sindicância, foi escrita à caneta a expressão “Chamá-la”, provavelmente, como conclusão das investigações realizadas. Dois ou três dias depois, Genette foi detida para averiguações.

Interrogada pela polícia pernambucana, a artista afirmou que perdera sua mãe com um ano de idade e seu pai no ano de 1940, quando passou a viver em companhia do seu irmão, que administrava uma leiteria. Viveu em São Paulo algum tempo com um amante de nome ignorado, mas conhecido por “Cunha”. Por intermédio de sua amiga Arlete, Genette conseguiu um contrato no Casino Tabariz, em Salvador, tendo trabalhado no local por um ano, até que foi convidada por um agente do Casino Império para atuar no Recife. Ali, chegou com sua inseparável companheira Arlete, que em outro documento aparece como prima da investigada.

Após algum tempo de trabalho, Genette passou a viver maritalmente com um sargento da marinha norte-americana, Jim Paulo, que trabalhava no Armazém 3 das Docas. Aparentemente, foi essa relação que levou a artista a ser prontuariada. Existe um relatório de campana no qual um investigador afirmava estar observando uma mulher loura, trajando-se de azul, que saíra do quarto de um náufrago americano, cor preta. Entre os objetos apreendidos com Genette, estava o cartão de visitas do alemão Rolf Settmacher, filho de Esther Settmacher, dona de uma pensão na Rua das Pernambucanas, onde estão hospedados, sob custódia, vários alemães perigosos que para ali foram mandados pela DOPS.

Foi o cartão de visita, segundo as informações, que tornaram Genette suspeita, pois poderia estar em contato com os norte-americanos para colher informes e transmitir ao serviço alemão, assim como sua prima Sandra (também conhecida como Arlete). No entanto, Genette afirmava que sempre se manteve alheia a situação internacional do momento; que desconhecendo […] assuntos referentes à política, mas que, pelo que ouvira falar, só poderá formular um mau juízo acerca do regime nazista ora em vigor na Alemanha, e que não conhecia o dito alemão; que como brasileira sempre desejou e deseja a vitória de sua pátria e das Nações Unidas na luta empenhada contra as potências do eixo. Também dizia só falar a língua portuguesa.

Genette e Jim Paulo fixaram residência no bairro da Madalena, na qual viviam outros quatro estrangeiros. A casa foi revistada por um investigador da polícia que, em relatório, afirmava não ter encontrado nada de interesse, apesar de ter localizado em um armário os livros “Hitler defesa ou invasão da Europa”, de Daniel Guerén, e “Guerra aos Judeus” de S. Chandan, os quais pertenceriam ao dono do imóvel, Isidoro Ruchansky, proprietário de diversos outros livros encontrados em gavetas móveis.

 

 

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